Nos braços deconfortáveis do sofá,
Me deixo abraçar-me em sonhos insones
E delírios febris hipotérmicos.
Me deixo levar pelo álcool enebriante da condenação prévia,
Pelas palavras não ditas e pelas horas não dormidas.
Ah, minhas quatro e meia da manhã.
Insano, balbucio o que escrevo,
Declamo levemente xingamentos ao alheio;
Na ausência dos devidos alvos.
Alva é a noite, iluminada pela fluorescência das lâmpadas.
Desânimo é a energia das indormidas horas de sono,
E a insônia é apenas o corpo querendo me consolar.
Sinceramente, alegria resplandece.
As vezes me faltam erros como o de outrora
Saudade de machucar os sentimentos de pessoas irrelevantes.
Mas me conveceram que a felicidade é relativa.
E as notas de guitarra confortavelmente me aninham
Níquel bendito que tanto aturou minha apatia.
Antipático, não por opção.
Já me conveceram até de usar camisas brancas,
mas não de ver graça em ver o lado bom das coisas.
Nem de tratar pessoas como gente mesmo, ou fazer novos amigos.
Aliás, nem de beber responsavelmente.
Bebo, vomito, desmaio, me levanto e limpo tudo sozinho.
Com centavos juntados de trocos de ônibus.
Me entretenho com comerciais e livros de fantasia.
Perco a hora, falo besteira, me arrependo.
Não vai mudar nada.
Ninguém vai mudar, nada vai mudar;
Por que não anseio mudanças estéticas ou intelectuais
Queria mesmo era um novo contexto.
Mas eu sou feliz, só sou um adulto com sono.
Isto é, relativamente.
Spigellia
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02:15
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29/07/2010
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Cicatrizes do Forbidden