XXVIII

Eu te avisto me buscar, mas seus dedos não me tocam...
Sua pele é macia como a de uma deusa...
Que saudades tenho de te abraçar e sentir-te aquecer..
Lamento todos os dias cada palava que eu esqueci de te dizer...
Lamento cada gesto que não devia acontecer...
Mas aconteceu, e cá estou, exilado dentro de mim mesmo...

Me refugio nos acordes úmidos e nas palavras secas,
Fujo tentando te encontrar nos pedaços lúgubres de cada ser,
mas só encontro pedaços esparsos de um nada descontruído...
O que sou eu agora? Me sinto nu, oco e sem abrigo,
Um nada intimimamente destruído...
O que houve comigo?

Foi culpa minha, foi sua, foi o destino, foi o fim da linha?
Foi algo evitável ou foi a nossa teimosia?
Foi o que você quis querer ou o que você queria?
Foi eu que te deixei ou você que me deixou?...
Caído na lama da confusão e da derrota...
Despejado da morada do amor e da alegria,
Que sou eu agora, se não um ex-amigo da felicidade...
Um ex-irmão do amor, um passado morto-vivo e ambulante...
Que serei eu mais adiante?...
Que serei...

Posted at às 17:12 on 28/10/2008 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Retrato

A chuva não cai, ela escorrega suavemente
Pelas paredes invisíveis do universo sensível
Entreolhando-nos por entre gotas espessas,
Um abraço molhado e quente, quase que fervente,
Que nos aquece,
enquanto nos tornamos um complemento,
Aos ratos e ao lixo,
Uma antítese,
Um contraste construído por camadas de lama,
Mas que de alguma forma na chuva se inflama,
Gotas que se tornam ar,
Beijos que se tornam liquidos,
Abraços que se tornam passagens translúcidas
Para algum lugar longe daqui,
Beijos que no fundo transformavam esse lugar,
Não em outro, mas em si mesmo, no melhor de todos...

Posted at às 17:25 on 09/10/2008 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under: