O que eu (não) estou vendo pelo vidro

Minhas pernas inquietas me condenam;
Elas só se acalmam com teu rosto...
Jamais me vi sentindo falta tua na penumbra,
Mas me vejo agora, caçando cheiros numa coberta usada...

Não há mais noção de tempo,
Exceto na tua ausência (que me é quase todo o tempo);
Não houve nenhum esforço meu, ao menos...
E ainda dou-me o direito de ter dúvidas,
Que são culpa minha em restringir nossos momentos
À fins de noite e complementos...

Não espere mais abraços como cumprimentos;
Lhe darei beijos e carícias logo que nos virmos.
Quero que sinta que não me acanho de pouca gana,
O que me prende é sim a intensidade, a minha imaturidade,
E a diferença que tu tens diante das outras,
Com as quais talvez agisse diferente, contudo;
Sem sentir frio por não ter seu corpo a me aquecer durante a noite,
Sem sentir vontade de sentir teu cheiro impregnado em minhas roupas,
E sem a incerteza que - de leve - me atormenta.
Qualquer dúvida, por mais complexa que pudesse o ser,
Não teria a menor importância.

Queria eu que a sensação de ser o momento nosso
Durasse mais que uma noite ou um dia...
Mas por outro lado,
Nada muda quando te revejo o sentimento de alegria,
Ou a complacente conversa que as vezes temos
E que nos harmoniza...

Então me sento em frente ao vidro,
E cantarolo músicas em Dó em nona;
Que são as mesmas notas com as quais chorei e sofri...
Mas que, seja por quanto tempo for, agora lembram teu sorrir...

Posted at às 02:10 on 29/08/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Cólera

Escorro meus lábios,
Gotejam de mim os destroços de uma humilhação.
Meus sonhos se calam diante da sua imensidão,
tu não foges da minha mente,
Por que de tão presente tornou-se minha maior obsessão...

Minúscula partícula de pesar, transmutada
Em rasgos de palavras,
Em oceanos de dor e dúvidas;
Minha vergonha é a de não ter sabido lidar,
Nem com o seu amar nem com o meu...
Nem com os momentos antes não tão raros de felicidade,
Nem com as perdas e destruições de uma derrota.

Tudo que um dia eu sonhei,
Foi enterrado em mágoas;
A vida me fez ver bem de perto as suas lágrimas...
Mas me privou de ser o motivo de seus sorrissos.

Sonho em meus abraços como sendo o teu abrigo,
Careço de razões pra continuar fantasiando com teu rosto...
Rápidamente se desfazem em lembranças dolorosas,
As imagens que - embora falsas - me ajudam a espantar o que me aterroriza...

O mesmo sorrisso que me acalma,
Sem mudar agora me enraiviza.
Encolerando à fácil exposição,
Meu coração aos poucos se desvaloriza,
Ao limiar da incompreensão e da fatiga.

Posted at às 03:08 on 11/08/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Meia Luz

Rasga as cortinas da minha alma
Despedaça a minha carne e me encoleriza;
Meu rosto queima no despertar dos sonhos,
Teu nome é como faca encravada no meu crânio.

Um prego que afunda nos meus olhos
Tu martelas a morte em meu ouvido,
Ouço cintilares ecos de gemidos
Fracos ecos da minha saudade
Lampejos embaçados do teu sorrisso..

Eis a tua face em máxima expressão,
Minha dor e minha raiva, que me consomem...
Meus desejos em ojeriza suicidar-se-ão
Deixando-me a sós com minhas angústias e a solidão...

Posted at às 03:00 on by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Estado

Uma noite vieram me visitar
Pessoas de bom coração, de alma serene
De força e compaixão;

Ao se aproximar, senti estranho toque,
Senti como se fosse ao teu lado...
Ao me questionar qual seria esse laço,
Eis que a resposta logo viera;
"Esse é o amor que sinto por ti,
puro como o que sentes por ela!"

E raros foram os pensamentos
lúgubres e lamuriosos em minh'alma;
Só restou a vontade de extender aquela paz a ti.

Feliz de quem é certo de seus sentimentos...
Há os que são cárceres de si mesmos,
Chafurnando nas asas do momento.
Impregnados de verdades distorcidas,
Corrompem sua própria alma e lamentam
a perda tão sofrível de uma vida...

Mas eu nunca tive dúvidas,
Amar é a máxima expressão do bem.
Que encarceram em suas mágoas...
Tantos que não aceitam tão pequena condição...

De aceitar, quão simples é meu coração...
Faltas e falhas, mentiras e dor,
Nunca seremos nada,
Duas pessoas que insistem em se ver,
Em se preocupar e se arrepender,
Mas cuja razão única é o amor...

tributo à pessoas que me cercam e apóiam mesmo não estando no mesmo plano que nós. Obrigado.

Posted at às 02:36 on 03/08/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under: