Genérica Repulsão da Indiferença Traçada em Olhos Secos

Mera ilusão acreditar,
Que a abstinência era a solução.
Mesmo longe, mesmo sem ouvir tua voz a tanto tempo,
Eu busco sem perceber um "você" em cada uma delas...

Quem dera houvesse uma solução...
um remédio, uma pílula
Eu já desisti a muito tempo de você,
Já cansei de sonhar, já esquartejei minha esperança
(e faz muito tempo),
Mas eu ainda olho as fotos com pesar...
E te vejo em cada chuva que me faz refletir,
Cada noite que eu ando sem ter pra onde ir,
Em cada pequeno olhar, em cada amigo...

Minha cabeça voltou a doer...
E eu voltei a tocar guitarra...
Comecei a te trocar por contas e cálculos,
Acordes e analgésicos,
Mas nem o tempo, nem a distância, nem a falta, me fizeram te esquecer...

E só dói não entender por que ainda dói...
Não é nem a perda, não é nem a vergonha,
Nem a decepção,
São só as cicatrizes,
Só a doença que degenera...

Quisera eu ter como imaginar,
Minha vida sem o teu rosto na minha mente...
E quisera eu não ter um dia tentado entender,
Quisera eu ter sido como você... ainda...

É injusto escrever por ti,
é injusto você ainda ter em mim alguém que te ama...
Onde isso me é retribuído?
O que ganhei com isso?

Ganhei o silêncio,
Ganhei a ausência,
Ganhei a falta,
Ganhei a neurose,
Ganhei o medo,
Ganhei o pesar,
Ganhei a mentira, que minto todos os dias...

Ganhei as farpas de uma ilusão,
Perdi toda a alegria sincera de antes...
E tudo isso ainda sem desejar...
Por que por mais que eu um dia tenha te amado,
Nada é tão grande ao ponto de resistir a tantos efeitos colaterais...

Posted at às 16:51 on 25/04/2009 by Postado por Forbidden | 1 comentários   | Filed under:

O Crediário

Fere ferozmente,
Corta sutilmente,
A sensação de saudade do retrocesso,
a dívida, a dívida...

As nuvens escuras que me rodeiam novamente,
A paz me roubam docemente em doses,
Cada gesto, um golpe.
Dívidas, dívidas.

Dívidas que dividem minha alma,
Em frações indeterminadas,
Em numeradores nulos,
Cortes expostos e frágeis,
Palavras que ecoam sem minha vontade...

Dívidas, dívidas,
Que possuem minha alma,
Dívidas, dívidas,
Que destruiram minha calma,
Dívidas, dívidas...

Sonhos...
Que penosos!
Dívidas que ecoam até no meu astral,
Falhas incorretas...

Rasgue, rasgue,
Perfure.
Deixe-me pagar a conta à vista,
Essas prestações estão me matando...

Dívidas, dívidas,
Dividindo meu tempo entre obrigações, sonhos e tempo perdido,
Queria eu perder meu tempo...

Posted at às 13:44 on 22/04/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Subterfúgio

Amargura das tuas dores
Expostas em chagas carnais,
Eu não respiro mais o mesmo ar que ti,
Eu me recuso a pensar no mesmo que ti,
Eu me recluso ao meu esquecer...

Dê-me outros motivos que não a dor pra te rever,
o masoquismo de sentir de novo o agudo grito da morte
Teus dedos me lembram garras, que cortam minha pele
Meu coração é fogo fátuo que queima gelado dentro de mim,
Forçando-me a expulsar o calor pela boca...

Asas rasgadas boiam no teu mar,
Dos anjos que te tanto rodear-te, caíram,
E queimam nos teus dedos.

E é o amor, o mesmo que me consome,
Que me leva ao asco de te ver...
Onde seria possível entender,
Que uma criatura me fizesse tal bem,
Para depois me afogar no mal?

A guerra é o meu subterfúgio,
O eterno sofrimento de me desculpar.
E a cada frase ver nos teus olhos escrito:
"Você não era assim".
E com cada olhar te responder:
"Foi por tua causa que me transformei"...

E ainda ver-te admitir, e impotente desertar
Deixando em mim as chagas a curarem por si só...

Posted at às 11:06 on 02/04/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under: