Enésima

Que dor é essa que consome meu peito,
Me possui em pele, alma e respeito
Me destrua, penetra incisiva meu seio
Me consome a comer por dentro,
Temeroso, mas não recuo, rateio
Te persigo em fuga, teu colo tateio
Me afogo em águas turvas, me domina o medo;

Essa agonia que me consome,
A dor que derruba meus olhos,
Me lambe a cara o abutre do luto
Abre meu corpo e o coze disforme,

A falta de sentido ainda há de me matar
Tristeza essa que não para de me esmagar
O tempo já se tornou irrelevante,
A dor é tão profunda que me sinto ao natural...
Mas assim, companheira constante,
Ela me fere e me destrói o âmago carnal
Arrebento-me em lagrimas que não fazem cessar o mal
Me lavo o corpo em choro desesperado,
Antes doer de tua falta,
Que dor assim, sem nem querer te ter a meu lado,
Ah, a saudade era tão mais macia...
Como dói sentir a tua mão na minha...
Dói te olhar e sentir minha vida tão vazia...

Dor que me deforma,
Que me corta, que me esfola,
Que me encerra apertado,
Nas falta de futuro que me submete o teu estado...

Posted at às 21:26 on 29/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Pra Que Falar

A chuva fina que me fere a pele,
Não consigo sentir, com você do meu lado
O copo de cerveja transbordar na toalha
Não sinto queimar meus dedos na brasa do cigarro
Não ouço me chamarem aos berros
Negligencio a conta, os números, os trocados
Levanto mudo e te espero
Até sua casa ando e te abraço
Te espero subir a rua sozinho e quieto.

E isso tudo é, por que você é, pra mim
Um jardim de mágoas,
Que eu semeei a dois anos atrás
E vou colhendo em cada palavra sua.

Pra que falar, se você me destrói a cada gesto
Se me corta os pulsos quando corta os teus
Me mato por pensar em como sentiria tua falta,
Mas de que sentiria falta, de ouvir te dizer
Que mais te feri te amando do que te feriram matando teu filho?
Como você acha que eu me sinto,
Sendo meus pecados maiores que os de quem te traiu?
Eu devo ter te traído bem mais, mentido pra mim mesmo
Tentando consertar o erro de te amar,
Sendo que eu deveria desde o início ter admitido
Que eu nunca foi digno de ser retribuído
Mas vendo quem você ama,
Mister que eu me rebaixasse muito para que me amasse...

Como me iludi, achando que você realmente ainda confiava em mim
Que só dizia verdades, quando dizia que eu realmente te importava algo
Eu te decepcionei, eu te enganei...
Eu te maltratei por te ver como culpada
quando finalmente me conveci que tinha errado,
Você parou de me dizer que ainda me amava...
O que eu tenho que fazer, te trair, cuspir na cara dos outros
Te fazer mais mal que você poderia fazer a si própria?

Me esconda a sua vida
Por que ela me faz me arrepender de gastar tantas noites,
de chorar cada lágrima...
E se tem algo que me faz ter certeza de que eu era o idiota que tu me acusas,
É lembrar de um dia ter te chamado de "perfeita".

Posted at às 19:55 on by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Noite

A doença que me consome, perfura minha alma,
Me corta o ventre com faca pontiaguda em febre.
Minhas lágrimas dão de comer aos vermes
Que as letras do teu nome corróem.

Correntes que prendem erros ao presente
Mentiras, justificadas talvez, destróem
A dor que senti vejo de volta inerente
Minhas asas feridas sucumbem e somem.

Lágrimas que eu pensei nunca mais despejar...
Maldito presente que não me dá futuro!
Me machuca simplesmente não ter o que contestar...

É sua vida, e eu tenho de me contentar...
Errei, menti, enganei.. dizendo "te amo, mas nos destruo"
Mas você acha que não sofri o suficiente por te amar?

Posted at às 03:55 on by Postado por Forbidden | 1 comentários   | Filed under:

Frio

Sinto um frio estranho,
Numa tarde de calor abrasivo
Ao meu lado o copo vazio
O perambular das formigas,
Caço ar para cantar refrões pequenos,
Tusso três, quartro palavras e então silencio
Levanto, sinto em mim um peso descomunal
Deixo a música tocando,
Tomo mais um remédio.
Me abraço e me sinto abraçar o mal
Garreia minhas costas, minha garganta
Me sufoca e segura minhas pernas,
Exibe a face e meu peito arranca
Estala minhas costelas enquanto as quebra;
E eu imóvel, com frio, e no sol.
Versos melódicos me acariciam
Deixo meus olhos fecharem e balbucio
Duas palavras que não consigo explusar de mim
Cato roupas pelo chão, vejo o sol aparecer novamente
Seco o chão, as formigas sumiram tão de repente
Sinto frio que é a falta e ao mesmo tempo tua presença aqui
Sem cobertas, de peito aberto sob a janela
O Sol tímido, sucumbe ao vento pálido
Minha garganta se fere de tentar cantar.
Frio que me toma por tua falta,
Me passa os dedos de leve,
Me arrepia e me faz tremer
Sinto tua falta tanto que meu corpo se recusa a se aquecer
Só se deixa esquentar com teus braços,
O sol se humilha, e mais uma vez some.
E eu fico tremendo, sozinho com o copo vazio
Tomo mais um remédio, sinto cada vez mais frio
Frio que só me dá mais frio...
Frio.

Posted at às 11:52 on 22/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Lençol

Nuvens saturadas no céu
Um colchão esticado, um lençol dividido
Eu abraço não dado, um olhar indeciso
As flores se curvam na chuva

Minha alma em paz,
Repousando no teu peito
Mesmo que meu corpo deite ao teu lado
Sem esboçar o menor movimento,
Minha mente está abraçada contigo,
Mesmo que meus olhos nem te toquem a face
Nossos pés entrelaçados são a prova
Que nosso espírito se une, mesmo sem contato da carne

Não são as perguntas que te trazem aqui...
São as respostas que te fogem a mente perto de mim
São elas que nos ferem,
Então nos abrigamos das dores no abraço breve,
Que é como solista num coral cujas vozes são a chuva
Apenas diga que sou eu quem te guia pela névoa turva...

Posted at às 09:36 on 16/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Execução

A cada dia em que essa agonia me sufoca,
Meu peito a tristeza nos dedos encerra
Corrói os meus sonhos e mágoas desterra,
Atrofia minha mente em úlcera nervosa,
Estripa às formigas minha alma leprosa,
Cede aos vermes em pedaços minhas telas
E devora meu corpo como fosse uma fera.

O quanto mais, me pergunto:
Seria possível sonhos suportarem este ataque?
Se nem eu próprio mais reconheço minha face,
Deformada de cefaléias e chagas,
Que se acumulam dando de comer às pragas,
Que habitam essa chuva torrente e nefasta,
Que chamo de vida, que chamo de casa?

Só me resta esperar que meus esforços
Rendam-me mais que decepções e escombros
Alimento-me de restos de felicidades passadas,
As migalhas do presente não mais me saciam a fome;
Deixo-me levar por incerta cartada
Que me deu breve otimismo citando teu nome,

Tonto e enjoado,
Neusante do fedor das moscas na carne podre;
Me sigo próprio às entranhas arrastando
Caminhando lentamente com o estomâgo sangrando
Rodeado de abutres famintos em rebuliço insano,
Dos que acontecem antes do jantar humano,
Mas que entre os abutres comemora a carniça
Que breve se mostra a ruir inteiriça,
Antevendo o banquete a servir a corja inimiga.

Posted at às 13:30 on 10/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

07:46

Pássaros que voam sem rumo,
Em direção ao inalcançável
Me retiram as forças em suspiro
Dilaçeram os laços do palpável

Meus braços ao redor de ti,
E teus olhos, cobertos pelo teu cabelo,
São como me marcassem a ferro em brasa:
Eis tua vida, eis tua amada;

E eu me culpo, te anistio
Mas te amar é cada vez mais sufocante
Engulo as lágrimas e penso em ti

Se houvesse uma forma de te ver sem doer assim,
Eu pegaria em seu braço e nunca mais te soltaria;
Entraria em tua alma de tanto olhar-te os olhos,
Tatearia-te de leve como se quisesse te cobrir...

Só desejo amar sem dor sentir
Que faça bem apenas,
Que não me desligue das minhas obrigações
E que na medida do seu tamanho fizesse-me feliz...

O que seria pra sempre.

Posted at às 07:45 on 05/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

(...)

Se meu peito pudesse te falar cada palavra,
Ou mesmo ainda se houvessem palavras para tal;
Se ele descrevesse em capítulos minha angústia
Em ver teu pulso marcado cicatrizante...

Teu amar por mim seria testado,
Você jamais faria isso de novo,
Por medo de me ter calado,
Sob a terra que nesse dia você teria se atirado...

Eu te amo, por mais que eu não seja o bastante sábio pra demonstrar...
Eu abriria mão de tudo por ti...
Não me mate por matar-te, você mataria ao menos minha vontade de existir...
Me encarceraria num constante te procurar e não te ter...
Que medo eu tenho de um dia te perder,
Que me congela nesse instante de ser o que devo...
Se meu peito pudesse te contar a dor que sente
Ao relembrar a imagem de teu pulso fino...

Eu temo por você longe de mim...
A cada vez que me despeço, sinto-me rasgar
E agora ainda temo, pelos motivos que fazem-te sangrar...
Como eu queria poder estar perto de ti quando fizeste o que fez...
Como me dói a imagem do que poderia ter acontecido,
Me mato só por pensar no teu suicídio...

Eu imploro que nunca mais repita...

Posted at às 00:22 on 03/11/2009 by Postado por Forbidden | 1 comentários   | Filed under:

Ânsia

*Os artistas que se dependuram nos arietes das angústias
Observando a fraca carne em pútrida lamúria
Desprendem-se em vermes que lhe consomem a carne escura
Remoendo-se em dores que a própria mente estupra;

Estalando como juntas pobres de cálcio
Ossos que esfarelam como em tétano agonizante
Te persigo como andando a pés descalços
Ouvindo tuas afrontes que me clamam por infante;

Fraco sou eu de ti diante
Realizo que minhas ações não passam de palhaçadas,
Que me deixam cada vez mais de mim distante...

Queria eu que fosse menos variante,
Que minha personalidade predominasse às minhas burradas,
Mesmo ciente que me chamarias de farsante...

Posted at às 22:33 on 02/11/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under: