Dezoito

Certos olhares superficiais e passados flutuam,
A uma hora e quarenta minutos.
Minha cabeça, deitada nesse banco desconfortável,
Faz-se redoma frágil, envenenada.
Minhas paredes se quebram com teu partir,
Se partem em cacos costuráveis.
Rasgo-me friamente, que nem percebes como
Sozinho, qualquer felicidade é efêmera demais...
Nenhuma conversa, nenhuma visita de amigo
Faz acabar a saudade e a noite,
Vazia de pessoas, de futuros e de sono.
Cheia de choros engolidos, músicas repetitivas e sorrissos não sorridos.
Finjo a mim mesmo dormir, e acordo 7 horas depois.
O que dói é ver que por mais que eu tente evitar
Acaba sempre ficando do jeito que não devia ser.
Não foi assim que planejei,
Escolhi os números para eles - e só eles -
Serem a parte que eu não saberia resolver...

Posted at às 23:41 on 29/04/2010 by Postado por Forbidden | 2 comentários   | Filed under:

Zniszczenie

Introduzida na carne, lacera e perfura
Com fome de nervos e podridão;
Devora a mente, provoca loucura.
Torna humanos cárceres de uma busca,
Rastejando sobre corpos e lama,
Em vão em direção à cura.

Fogo e poeira,
Que carregam entranhas dilaceradas pelo vento.
O senhor que descansava na cadeira,
Esperando a morte a levar tudo exceto sua carcaça.
Como se esperasse a vitória sobre a destruição,
Esta que consome e arruína, agindo em massa...

A cruz que em pé mantem-se sobre escombros
Sobre pedaços de carne e poeira de ossos;
É baluarte de um cenário devastado
Indicação do que um dia a houvera atacado,
As pedras que nela explodiram trazidas no ar
Deixaram marcas, cicatrizes de uma catástrofe.

Não vê-se mais terra, vê-se escombros
- escombros de pessoas, de concreto, de metal -
Vê se uma construção espontânea de restos
Uma engenharia natural, um amontoar de destroços
Em forma de prédio, em forma de rosto,
Em forma macabra que naquele momento,
Mais parecia pousada aconchegante e aquecida,
Frente ao frio impressionante que existia.

Esse vento, esse cheiro de morte;
O frio, e essas pedras no ar, que a pele arrassa;
Essas imagens de pessoas comuns, dilaceradas
Em sua mais fúnebre imagem, congelada
Intocada exceto pelo frio e pelo vento,
Manter-se-ão à eternidade, em seus últimos afazeres
Preocupações tão irrelevantes
Frente ao - fatal - ultimo instante.




Inspirado nas obras de Beksinki.

Posted at às 12:25 on 08/04/2010 by Postado por Forbidden | 2 comentários   | Filed under: