Síntese

Uma síntese imperfeita da simbiose carnal hominal exemplificada em pequenos instantes despedaçados incrustados em peitos nus e virginais (ou não).

Cortes profundos que cicatrizam sem cicatrizes, pastas de dor que não dóem com o tempo, tu és as cores que eu não enxergava, tu és as facas que me cortavam, tu és as estrelas que eu não alcancei, tu és as farpas da minha saudade.

Lábios que diziam palavras voláteis que logo ligar-se-iam com as palavras que da minha boca partiam, teus lábios eram os mares por onde meus barcos se perderiam, teus lábios eram os céus por onde meus aviões rasgariam em queda, teus lábios são os pesadelos que eu sonhei, teus lábios são os sonhos que eu nunca imaginei.

Teus olhos eram as margens do infinito realizado em pedaços parcelados do amor que eu achava possível de alcançar, teus olhos eram as luzes que me faziam enxergar, teus verbos eram os olhos a que me faltavam, e teu olhar era o mundo ao qual eu tentava despertar.

Tu és o que de mim foi usurpado, tu és o que a alguém foi agraciado, com a mesma facilidade que a mentira pelos meus ouvidos entrava e pela tua boca saia, tu és a falsidade ignorante que me cercava, tu és a luz exatasiante que me cegava, tu és o aconchego que mesmo assim desejava, tu és o abraço que me falta.

Posted at às 21:21 on 19/01/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

Chumbo II

Minha alma de chumbo,
Minhas asas de chumbo,
Sobre o mar escaldante.

Minhas asas de chumbo,
Voam mais leves que minha alma
Minha alma de chumbo,
Ferida pela água do mar do egoísmo.

Meu ego de chumbo,
Encharcado de óleo.
Meus olhos de lama,
Cheirando a medo,
Meu corpo é ar.

Meus erros de lata,
Minhas mágoas de ferro,
Meus medos de prata,
Minha alma de chumbo,
Meus braços de alumínio,
Enferrujados com sangue.

Minha alma de chumbo,
Que flutua num mar de fracassos,
Arrependimentos e erros,
Afunda num mar de lama e discórdia,
Num pântano profundo de medo.
Meu corpo se torna um fardo,
Meu espírito se libertará mais cedo...

Posted at às 15:30 on 16/01/2009 by Postado por Forbidden | 0 comentários   | Filed under:

O Nada (ou O Céu)

Um hipótese surgiu na minha mente um dia:
As árvores são azuis e o céu é verde,
Minha cama fica no chão,
E minha porta na parede.

Você não passa de uma figurante,
Que um dia fez uma mini-série,
Na história em si,
Você era no máximo e só por um tempo,
Um cenário.

Tive estalos de lucidez,
Nada é tão lúcido quanto a imbecilidade,
A névoa do futuro,
não é tão clara quanto a fantasia,
é mais fácil te considerar o fim,
Do que um simples começo.
é mais dificil considerar sobre o mundo,
Do que divagar se te mereço,
Todo final tem um início idiota,
E um lapso de lógica mais imbecil ainda...

E as flores todas são rosas,
Nós é que inventamos outras,
Assim como todas as falhas são nossas,
Nós é que escondemos todas.

Fraca é a luz no dia ensolarado,
Mas eu me cego com uma lâmpada depois do escuro.
Brilha mais forte a vela quando é de noite,
Os olhos brilham mais forte quando é de amor.
A vela não é nada frente a luz do sol,
e o amor não é mais nada quando iluminado.

Todos os campos são vermelhos,
Nós é que limpamos.
Todos os cartazes são de guerra,
Nós que nos enganamos.

As saias são mais belas no corpo nu,
As roupas servem melhor jogadas no chão,
O sexo é tão carnal quanto o aperto de mão,
E a carne é tão podre quanto o céu.
Não é nada, nunca foi.

Não foi, nunca será,
Não é de mim, nem caberia,
Não é assim, não vá tentar,
Não faça isso, não deixe amar,
Não foi assim, nunca será,
Não é assim, eu nem queria,
Não foi nada, eu nem sabia,
Não foi nem sim,
Não foi a tarde,
Não foi...
Nem haveria de ser, então
Não foi nada!
Não foi nada que valesse a pena,
Não foi nada que valesse o ódio,
Não foi nada que valesse o medo,
Não foi nada que valesse o beijo,
Não foi nada que valesse nem mesmo o nada.
Porque o céu é um nada.
E não queira comparar-te ao céu.

Posted at às 16:42 on 01/01/2009 by Postado por Forbidden | 1 comentários   | Filed under: