Árvores secas, ventos gelados,
A chuva fina,
Os sopros glacias...
Sinto falta de quando era frio,
De quando aquecer era fácil...
Os gatos assistiam,
Os fantamas observavam...
A infindável fonte de assunto,
As conversas que sempre acabavam com um:
"Até amanhã",
e as vezes em que eu dormia acordado,
Ouvindo palavras de reclamação,
Tão doces quanto as vezes que diziam que me amavas...
Sinto falta de quando você sentia falta de mim...
Sinto falta das tardes frias...
Sinto falta da chuva fina, das palavras sem sentido...
Por que as palavras não careciam de sentido,
Quando o objetivo era ficar junto...
Sinto falta do silêncio...
Sinto falta dos meus sonhos...
Sinto muitas coisas, mas não sinto...
Frio
Vento
Hiatos...
Forças dissipativas, carcaças,
Ruínas e vazios silenciosos...
O Sono, a Ira,
O desespero, a revolta...
Que há de ruim em sofrer,
além da falta de esperança?
Corta-me a garganta pensar em soluções...
Dilacera-me o peito pensar em possibilidades...
Que há na vida de tão ruim,
que não possa perder-se a esperança?
Seu rosto, em meio a números,
Soa como um tiro de misericórdia...
Como vc podia ser boa...
Como podia ter sido a redenção...
Às vezes penso e sonho,
Após um dia exaustivo encontrar-te em casa...
Dormir a teu lado, viver em teu colo,
Conversar coisas fúteis em troca da tua companhia...
Não me devolvas à apatia...
Não me devolvas à derrota...
Não queiras assistir de perto tudo que passei contigo longe...
Não seria agradável a visão... te forçaria a te afastar,
E assim tudo seria o que sempre foi;
Corrosivo até perfurar meus olhos,
Lágrimas ácidas que doem ao cair,
choros da minha alma que insistem em não se expor materialmente...
Dúvidas não são bem o termo,
Sofro de certezas, impossibilidades...
No amor, na vida, na alma...
Sofro de profecias incompletas,
de calmarias inquietas...