A cada dia em que essa agonia me sufoca,
Meu peito a tristeza nos dedos encerra
Corrói os meus sonhos e mágoas desterra,
Atrofia minha mente em úlcera nervosa,
Estripa às formigas minha alma leprosa,
Cede aos vermes em pedaços minhas telas
E devora meu corpo como fosse uma fera.
O quanto mais, me pergunto:
Seria possível sonhos suportarem este ataque?
Se nem eu próprio mais reconheço minha face,
Deformada de cefaléias e chagas,
Que se acumulam dando de comer às pragas,
Que habitam essa chuva torrente e nefasta,
Que chamo de vida, que chamo de casa?
Só me resta esperar que meus esforços
Rendam-me mais que decepções e escombros
Alimento-me de restos de felicidades passadas,
As migalhas do presente não mais me saciam a fome;
Deixo-me levar por incerta cartada
Que me deu breve otimismo citando teu nome,
Tonto e enjoado,
Neusante do fedor das moscas na carne podre;
Me sigo próprio às entranhas arrastando
Caminhando lentamente com o estomâgo sangrando
Rodeado de abutres famintos em rebuliço insano,
Dos que acontecem antes do jantar humano,
Mas que entre os abutres comemora a carniça
Que breve se mostra a ruir inteiriça,
Antevendo o banquete a servir a corja inimiga.
Execução
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- às 13:30 on 10/11/2009
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