1-11-22

Olhos, olhos turvos,olhos frígidos
Brancos puros, como entalhos invertidos,
Cadeias de olhares, olhares perdidos,
Em si internos, enquanto expostos, intrínsecos;

Escavados na carne tenra do interior de si,
Se abrem em pétalas negras, tardias, envergonhadas,
Mas demonstram, acima de tudo, a mágoa, a iminência,
Nas poucas frases ditas com sinceridade, precipitadas.

Aonde está aquela sombra, retida, quase inconsistente,
Que pairava e descansava por entre as fotos mais fúteis
E ao mais simples toque, se abria em carinho,
Compreensão, sinceridade, sabedoria e força?

Guarda em ti tua rigidez, na tua fragilidade,
E onde estiveres recorda tua saudade, guardada fielmente,
Divida com responsabilidade, e segue sempre em frente.

Se dói sua falta, me excita a possibilidade, agora ainda mais certa,
De te ter ao meu lado do outro lado - e de todos os lados possíveis.
Fica em paz, meu amigo, certo que tua lembrança só me traz felicidade.
E então faz aí tua morada, certo que tem vários corações como abrigo.


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