Inocência

O frio me domina, cada vez mais, eu sinto minha pele fria, sem vida. Tudo está se congelando e eu não tenho forças para impedir. Tempos atrás, se eu ainda me recordo bem, o sol era quente, de quase queimar a pele, agora, ele só traz frio, o ar que eu respiro, aos poucos congela meus pulmões, lentamente, o coração se torna gelo. Olho pra traz e não consigo mais lembrar o que houve com aquela menina que sorria com vontade, que era feliz, que tinha motivos pra ser feliz, tudo agora é cinza, e eu não vejo motivos pra colorir.

O que houve comigo? Daquele tempo eu só lembro de um par de olhos, olhos que me hipnotizavam e me faziam esquecer de tudo que me atormentava, me faziam sentir que eu nunca mais seria infeliz. Sentia-me segura quando eles olhavam de volta pra mim. Era amada, ou pensava ser, e um sorriso nunca saia do meu rosto. Agora eles não mais olham de volta quando eu os encontro.

Aos poucos eu me vejo perdendo aquela inocência, a amabilidade, a capacidade que tinha de amar a borboleta que via passar. Vejo um mundo, em que não faço mais parte, ou nunca fiz. Teria sido aquilo tudo um cruel sonho? Uma prévia do que eu não sou digna de ter? Eu vejo o mundo continuando, mas não tenho mais forças pra acompanhar. Foi-se tudo com aquele sonho, aquela utopia.

Minha vida se move pelo desejo de ter aquilo de novo, se ser feliz, rir, deixar esses pensamentos que me consomem pra traz. Disso tudo, sobra à esperança, virtude invejosa, que quando é esquecida, pôs já se tem tudo por que se podia esperar, pouco a pouco, vai assassinando as outras, até só ficar ela, te torturando, ate você reencontrar aquilo que procura, ou ela, por se esgotar de ser aquilo que te move, acaba por morrer. Só me pergunto qual deles será meu destino.
Desculpa tomar tanto do seu tempo, pode ir, eu sei que você tem coisas mais importantes que ler meus lamentos, quem sabe da próxima vez que eu lhe escrever, eu tenha notícias mais animadoras para lhe dar. É como dizem, a esperança é a última que morre.


Lylian
5/07/2008


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