Retrato

A chuva não cai, ela escorrega suavemente
Pelas paredes invisíveis do universo sensível
Entreolhando-nos por entre gotas espessas,
Um abraço molhado e quente, quase que fervente,
Que nos aquece,
enquanto nos tornamos um complemento,
Aos ratos e ao lixo,
Uma antítese,
Um contraste construído por camadas de lama,
Mas que de alguma forma na chuva se inflama,
Gotas que se tornam ar,
Beijos que se tornam liquidos,
Abraços que se tornam passagens translúcidas
Para algum lugar longe daqui,
Beijos que no fundo transformavam esse lugar,
Não em outro, mas em si mesmo, no melhor de todos...


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