Combustão/Momentos

Arde o peso das grades sem peso,
Das chamas sem calor, das facadas sem dor
Pernoitam ao meu lado os mesmos medos,
As mesmas fúrias e os mesmos desejos
Que és, que me fere tanto sem pensar
Com essa sua confusão que combusta no ar,
Esse espinho que perfura indolor
A carne que beijas sem sentir exatamente amor?

Arrasto meu coração sobre as farpas do teu corpo,
Tento buscar nos meus sonhos o amor que falta de ti
Tento encontra-lo em palavras já ditas,
Busco razão no tempo e na esperança em si;
Esta que me trouxe até agora impulsionada
Pela combustão do que sinto,
Neste motor - envelhecido e enferrujado - alojado em meu peito;
Sinto sua falta, ainda que minto
Não sinto mais o mesmo que sentia,
Mas sofro a cada partida sua, a cada lágrimas, a cada despedida.

Sinto, mas nem sinto mais
Como ferida que se anestesia de tanta dor.
Me penetram as armas de todos os lados
Me ferem as palavras de todas as bocas,
Tento não ter suas atitudes como loucas,
Embora sucumba lentamente ao senso comum
Deito minhas armas no chão
E simplesmente aguardo o fim do espetáculo
Evitando sentir todos os beijos como sendo apenas mais um
Assisto todo o tempo passar, todo o tempo
E não me arrependo, embora as vezes tema por temer
Brigas, medo e insegurança,
Como eu queria que fosse diferente,
Se sempre o foi assim, em sua antiga insignificância?

Me deito do teu lado e abraço teu corpo sonolento,
Amo cada parte do teu corpo, de ti sou alimento,
Que devoras sem cessar nenhum momento
Sem parar um instante, nem que te faltasse alento,
Me sinto como se procurasse falhas no firmamento,
Onde quero encontrar erros, talvez apresse demais o tempo,
Impaciente, vejo no leve duvidar razão de sofrimento;
Aprender a crer em nós deve ser teu maior ensinamento
Costura minha alma, teus beijos são meus remendos
Como é estúpido duvidar de todo esse sentimento;

Palavras que ferem, mas desferem, saindo da mesma boca
Que me beija, que me acarinha os lábios
Espero o tempo passar, e que passando traga paz,
E tranquilidade, força intensa que acalenta o vassalo mais tenaz
Me aninho no teu colo e não me preocupo mais.

Posted at às 03:35 on 10/02/2010 by Postado por Forbidden | 2 comentários   | Filed under:

Vômito

Eu simplesmente tenho a esperança,
que te abraçando bem forte, a ponto de não discernir
O meu corpo do teu,
Algo te faça mudar, e entender que teu sofrer
é meu morrer de amor, meu morrer de dor, meu morrer.

Grito, te beijo e te abraço,
Sem forças nem formas de lutar
Contra você própria, enquanto você se inimiza

Esfacelo minhas próprias palavras nos teus lábios
Percorro teu corpo a procura de tuas brechas,
Tua beleza que te cega, tua bondade que te prega
À inveja, esta que te massacra,
Nutro repulsa e ódio, marca nefasta de medo,
Garras afundadas no sebo das lágrimas secas no teu rosto
Maquiagem borrada de mentiras auto-contadas,
Inverdades que te dizem e tu tomas como verdade...

Tuas palavras que me ferem por me conscientizar que te feres toda noite,
Quanto te deixo e vou pra casa, pra dormir lembrando da tua voz,
Mal sabes que rasgo meu coração em lágrimas
Por imaginar a tua falta, a tua dor, as tuas mágoas

Solução, eis a fé que nutre meu coração
Meu peito que chora escondido do teu olhar,
Das mãos que te acariciam e da boca que te faz rir
Que depois secam lágrimas e sentem o gosto salúbre da tristeza
Como pode ser tão difícil enxergar essa óbvia beleza?
Dói, fere, penetra na carne, remoe minha alma,
A negação tão dolorosa de verdades indubitáveis,
Substituídas pela crença nas mentiras perversas daqueles que te invejam...

Posted at às 02:54 on 04/02/2010 by Postado por Forbidden | 3 comentários   | Filed under: