Poças

Poças de chuva me afogam,
E essas tempestades só encharcam à mim...
Concordo - seus lábios me confortam,
Até mesmo quando distantes dos meus - mas perto dos meus ouvidos;
No entanto, não paro de perder minhas meias
Inundadas de lama e areia suja,
Por pisar em poças esse tempo todo.

Existe um amontoado de água suja nesse caminho,
Coisas que me ferem, e que você é incapaz de enxugar.
São as feridas que as coisas simples me causam,
Estas que você acostumou a ignorar.
As mesmas que - irônicamente - te perfuram
Mas você sabe fingir que não dóem...
Eu ainda não aprendi a te usar como toalha,
Embora você seja um calor que evapora bastante lágrimas.

Só queria a certeza de um calor, ou mesmo um entardecer morno,
Que eu tivesse alguma certeza de perdurar.
Talvez eu queira algo naturalmente impossível...
Descompassar essa simetria da minha vida,
De noites, invernos e outonos rigorosos
Que se alternam com esses verões chuvosos.

Enfim, só quero meias secas e seus lábios aquecidos.


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4 comentários:

  1. Geraldo Brito (Dado) 1 de junho de 2010 às 20:37

    Envolvente.
    Saudações e parabéns pelo blog!

     
  2. . 19 de junho de 2010 às 18:16

    Amei !
    Convido a passar em meu blog: www.agridoceassim.blogspot.com

     
  3. wej 22 de julho de 2010 às 02:25
  4. Lizandra L. 26 de julho de 2010 às 23:07

    Perfeito! Adorei seu poema e seu jeito de escrevê-los. Também me arrisco um pouco nos versos. Se puder, dá uma conferida www.hotlifepages.blogspot.com
    Agora não pare de escrever não, percebo que essa postagem é de maio desse ano. Vamos lá, atualize! Estarei de olho na próxima atualização.

    =***