Mare Tranquillitatis

Nas recordações da morte é que se revela o poder,
Do testemunho de tal ato incontestável,
A infindável profundidade do olhar moribundo,
Mais próxima da terra que qualquer vivente
Como se agarrando firme as rebarbas do mundo.

Ao pensar mais uma vez naquele dia, me vejo
Frente a mais poderosa das forças naturais,
E cá estou, sobrevivente,
Fortalecendo a minha alma em pensar
Quão perto cheguei da Morte, ali, frente à mim,
Naquele rosto caído com um olhar tão ausente.

Ao dispor do fim estamos vivos, seguindo
Em direção a infinitude, por um fim estimagtizado.
A cada dia do longe mais nos aproximamos,
Um distante ao alcance de um medo,
Monstruosa força que atinge a tudo.

Mistura precisa de matéria orgânica e espírito etéreo
Separa íntima a morte os véus que cercam
A dor, a fome, a sede e o frio;
Da transcedentalidade do amor, do medo e da angústia.

Inspira o sofrimento, acende a chama do medo,
Na escuridão do desconhecido mergulha o enfermo,
Afoga sem luz os olhos incrédulos e trêmulos.

Poderosa Morte que de nada se acovarda,
Perfura a carne e busca na enfermidade o espírito,
Arrasta e afunda a matéria na eternidade
Da existência inanimada.


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1 comentários:

  1. Razek Seravhat 16 de setembro de 2010 às 09:14

    Seus poemas não são dádivas, são cicatrizes num pensar cheio de sentimentos.

    Ternura Sempre!

    Razek