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É tua sombra que persegue a selvageria de minha natureza,
a lâmina afiada que dilacera meu fígado por todo este tempo,
fecho os olhos e escuto a flauta e trombeta contando meus dias
que se passam vagos, entre passos não contados.


Para curas obriguei-me a arrancar raízes sob o luar vaidoso
que mesmo com cães negros, ainda assim morreria pelo grito
da raiz cuja semente é o antes quente gozo do cadáver, que pelo
sentimento jaz balançando ao vento que frio ainda uiva tormentos.


E se encanta a criança brincando com tamanha e cega dedicação ao inútil.
É assim o homem, caminhando com cruzes nas mãos e tentáculos em volta do pescoço.
A observar o andar de quem dispara espinhos venenosos e faz tremer diante dos dentes,
vejo quais realidades oníricas vivi e quem devorou o que se perdeu com temores e amores pueris.


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