Ao que possa ser pior

De frio nos ossos, testa febril,
clama por pele com ardor tão vil.
Se faz semente em terra tão pura,
alma doente a exalar fingida ventura.

Hermes maldito de dolente adivinhações,
caduceu quebrado, protector de ladrões.
Macária que se faça presente neste dia rude
em que a alma frui do passado e me ilude.

Lira desafinada em troca de nada,
adeus gritado por voz cansada
de repetir sempre a mesma palavra
e soletrar ao infinito tantas farpas.

Paralítico no sono, andarilho mais aleijado.
Olhos arrancados, trocados por espelhos.
Vida já tão esgotada, dançada de joelhos.
Arruinado, fútil, ermo Cristo abortado.


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