Genérica Repulsão da Indiferença Traçada em Olhos Secos

Mera ilusão acreditar,
Que a abstinência era a solução.
Mesmo longe, mesmo sem ouvir tua voz a tanto tempo,
Eu busco sem perceber um "você" em cada uma delas...

Quem dera houvesse uma solução...
um remédio, uma pílula
Eu já desisti a muito tempo de você,
Já cansei de sonhar, já esquartejei minha esperança
(e faz muito tempo),
Mas eu ainda olho as fotos com pesar...
E te vejo em cada chuva que me faz refletir,
Cada noite que eu ando sem ter pra onde ir,
Em cada pequeno olhar, em cada amigo...

Minha cabeça voltou a doer...
E eu voltei a tocar guitarra...
Comecei a te trocar por contas e cálculos,
Acordes e analgésicos,
Mas nem o tempo, nem a distância, nem a falta, me fizeram te esquecer...

E só dói não entender por que ainda dói...
Não é nem a perda, não é nem a vergonha,
Nem a decepção,
São só as cicatrizes,
Só a doença que degenera...

Quisera eu ter como imaginar,
Minha vida sem o teu rosto na minha mente...
E quisera eu não ter um dia tentado entender,
Quisera eu ter sido como você... ainda...

É injusto escrever por ti,
é injusto você ainda ter em mim alguém que te ama...
Onde isso me é retribuído?
O que ganhei com isso?

Ganhei o silêncio,
Ganhei a ausência,
Ganhei a falta,
Ganhei a neurose,
Ganhei o medo,
Ganhei o pesar,
Ganhei a mentira, que minto todos os dias...

Ganhei as farpas de uma ilusão,
Perdi toda a alegria sincera de antes...
E tudo isso ainda sem desejar...
Por que por mais que eu um dia tenha te amado,
Nada é tão grande ao ponto de resistir a tantos efeitos colaterais...


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1 comentários:

  1. Anônimo 9 de maio de 2009 às 08:57

    nossa vc escreve muito bem, seus poemas sao otimos. sou fan desse blog!