Cólera

Escorro meus lábios,
Gotejam de mim os destroços de uma humilhação.
Meus sonhos se calam diante da sua imensidão,
tu não foges da minha mente,
Por que de tão presente tornou-se minha maior obsessão...

Minúscula partícula de pesar, transmutada
Em rasgos de palavras,
Em oceanos de dor e dúvidas;
Minha vergonha é a de não ter sabido lidar,
Nem com o seu amar nem com o meu...
Nem com os momentos antes não tão raros de felicidade,
Nem com as perdas e destruições de uma derrota.

Tudo que um dia eu sonhei,
Foi enterrado em mágoas;
A vida me fez ver bem de perto as suas lágrimas...
Mas me privou de ser o motivo de seus sorrissos.

Sonho em meus abraços como sendo o teu abrigo,
Careço de razões pra continuar fantasiando com teu rosto...
Rápidamente se desfazem em lembranças dolorosas,
As imagens que - embora falsas - me ajudam a espantar o que me aterroriza...

O mesmo sorrisso que me acalma,
Sem mudar agora me enraiviza.
Encolerando à fácil exposição,
Meu coração aos poucos se desvaloriza,
Ao limiar da incompreensão e da fatiga.


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