Pai, cujas palavras rarearam no que antecedia tua morte,
Desejo uma casa pequena e bastante cheia, de amigos, amantes e palavras
Aonde quer que tu esteja, para que no dia em que nos encontremos
Eu te veja como sempre esteve, rodeado do desejo de mudança e do espírito de revolução.
Aposto que tu já te filiaste ao partido socialista do paraíso,
Ou mesmo desafiaste o governo do Plano Astral com teu dócil anarquismo.
Esse amor, que tu me ensinaste capaz de destruir as políticas mais revolucionárias;
Me ensinou a entender o teu carinho e teus propósitos.
Meus filhos hão de conhecer o avô, nos gestos e pensamentos que impregnaste em mim.
Só lamento que meus filhos nunca possam ouvir da tua boca as origens da vida e do universo,
Que me ensinaram a crer na verdade da ciência, da história e da linguagem.
Mas ciente da tua presença e do destino ao qual todos nos dirijimos,
Nenhuma lágrima derramo, mas nem por isso não me sinto sem uma parte de mim.
Não lamente-se pelo que eu sinto, pois que sinto no máximo o pesar de ter uma vida inteira pela frente até reencontra-lo.
De sofrimento e de tristeza, nada deixas,
Ainda assim, leva consigo a intolerância, unindo amigos e família nas memórias de sua representativa vida.
Desejo paz, e saudoso fico, mas não por perde-lo, pois o perder não perderei jamais.
Resta em um simples repousar de mãos, a lembrança constante.
Resta a sensação de que nada aconteceu, já que pouco havia antes.
Restam ossos sob a terra, e restam olhos sem teu semblante.
Adeus, pai.
8/8/10
Far
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- Published:
- às 01:26 on 12/08/2010
- Category:
- Cicatrizes do Forbidden
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13 de agosto de 2010 às 15:33
Olha...essa você me pegou pela a alma, tocou fundo mesmo.Lindo, emocionante e um tanto pertubador,sim..ler algo tão profundo referente a um ser tão insubstituível ainda é pertubador para mim.Obrigada por suas palavras que sempre me compreendem!Abraços.
P.S:também sinto falta do meu grande herói, meu pai.
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